O trocadilho é infame, eu sei, mas como qualificar uma organização internacional que, depois de falhar miseravelmente por dois anos durante a pandemia de covid, acaba de declarar esta semana que o “sexo existe em um continuum e vai muito além do não binário”?
Olhem, estou cansada desse assunto, mas ele não quer me deixar em paz. Praticamente no mesmo dia em que a OMS deu sua tacada final para se posicionar na “vanguarda da modernidade do gênero”, me envolvi em um bate-boca na seção de comentários do Times of London relativa a um artigo em que Robert Winston, autoridade máxima do país em termos de fertilidade e reprodução, declarou — e este é o título do artigo — que “Cirurgia trans é mutilação”.
E não é? Quem leu minha “pílula de sabedoria” da semana passada teve oportunidade de analisar o assunto sob dois ângulos diferentes. O aspecto positivo é que a reação contra toda essa maluquice, apesar do posicionamento “woke” da OMS, está se intensificando: a raiva e a revolta tiveram uma presença quase sólida, palpável, na discussão online sobre o artigo do Times.
Analisando este e outros assuntos que discutirei mais adiante, a gente percebe claramente que estamos nos aproximando de mais um “ponto de mutação”, conforme definido por Fritjof Capra.
O fim está próximo. Só que, como veremos, não será exatamente o fim que os ativistas estão esperando e pelo qual estão tão arduamente batalhando.
Pois é. Vocês perceberam que “pulei” uma semana aqui no Substack, e não foi por preguiça não, gente, e muito menos por falta de assunto.
Peguei um trabalho barra-pesada e complexo de fazer — que até me deixou com uma momentânea “lesão por esforço repetitivo” devido à intensidade da virada —, imaginem constituído de quê? (Sei que será difícil de acreditar na coincidência, pero que las hay las hay.)
Um curso da OMS, mas divulgado por uma respeitadíssima instituição médica dos Estados Unidos — que, claro, não posso dizer qual é, desculpem aí — ensinando como planejar e praticar o ativismo “egualitário” na saúde.
Graças a Deus a multiplicidade de gêneros não estava incluída no material, ou eu teria que ter ido vomitar tantas vezes durante as 50 horas — bem pagas, devo acrescentar — que levei para executar a tarefa — em menos de cinco dias, incluíndo o fim de semana passado — que poderia ter sido medicamente qualificada como bulímica.
Estou meio desconfiada de que a presença a cada dia mais intensificada da OMS no panorama “woke” será o último prego no caixão da militância esquerdista que assola o planeta.
Deixando um pouco de lado a obsessão com o sexo, todas as atenções (inclusive a da Folha de S. Paulo) se voltaram para o caos que tomou conta do Sri Lanka, agora imaginem por quê: o governo do país, provavelmente corrupto, mas certamente “ecologicamente correto”, decidiu tomar a frente global e ocupar a liderança mundial dos malditos SDGs da ONU (os ativisticamente bem-intencionados-porém-mal-direcionados “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”), prima-irmã da OMS na militância verde — que, se ainda não caíram suficientemente em desgraça, acreditem, cairão muito em breve.
Vai daí que o governo do Sri Lanka, de uma penada só, baniu os fertilizantes químicos e acabou com a agricultura do país, para nem mencionar o ostracismo imposto aos vilipendiados combustíveis fósseis, resultando no fim da exportação de chá, responsável por 70% do PIB nacional, e em uma inflação de mais 50%, tudo respaldado por um impressionante “quase perfeito” ESG (outro maldito acrônimo, ainda vamos morrer disso, significando “Governança Ambiental, Social e Corporativa”, uma medida de quão ecológico e avançado é um país) de 98,1, em uma escala de 100.
Não sei se vocês estão por dentro, mas nos últimos anos todos os relatórios de resultados de grandes empresas mencionam esse ESGs que, como se viu, mal servem como papel higiênico para limpar o derrière de todos os excrementos que não são aproveitados como “fertilizante orgânico”.
A infelicidade e a bancarrota do povo cingalês, infelizmente, é um exemplo perfeito de onde iremos parar se não pararmos com essa militância imbecil e com essa ilusão em torno da noção de que os humanos estão acabando com o planeta, mas, por outro lado, têm a capacidade de salvá-lo da destruição.
Vamos combinar, nem uma coisa nem outra.
Espero que os salvadores do mundo estejam prestando atenção no que está acontecendo, não só no Sri Lanka, como em todas as partes do mundo de um modo ou de outro, quando as políticas econômicas nacionais decidem adotar a filosofia “verde” para “salvar o planeta”.
A “salvação do planeta” pode até proteger as baleias, mas está destruindo os alimentos, a energia, a família, o bom senso e a civilização.
E aqui faço um parêntese inimaginável. Nunca pensei que fosse recomendar um artigo publicado por um jornal chinês, mas o autor está coberto de razão em sua análise da situação, vejam: “Uma crise alimentar global está pairando no horizonte, então os parlamentares responsáveis por políticas em todos os lugares precisam pensar muito sobre como tornar os alimentos mais baratos e mais abundantes. Isso requer um compromisso visando a produção de mais fertilizantes e sementes melhores, a maximização do potencial oferecido pelas modificações genéticas e o abandono da obsessão dos países mais ricos com os alimentos orgânicos”.
Vale a pena conferir o restante do texto, que menciona a crise no Sri Lanka e a queda na produção mundial de alimentos como consequência da guerra na Ucrânia.
O planeta até poderá ser salvo do seu pior inimigo — a humanidade —, mas, se continuarmos nesse caminho, não irá sobrar nenhum humano para testemunhar a tão ardentemente desejada salvação.
Caramba! O mundo está complicado e sem caminho do lado e do meio, inclusive.
O caminho não existe; o caminho se faz ao andar. A questão é prá onde? No aspecto sexual não tenho coragem de sair do armário, por ser hétero. Me xingam de antigo! E não sou? Com 87 anos, prá lá do prazo de validade? Parem a terra que quero descer.
A ideia é esta, mesma, Noga... Para que plantações nas savanas africanas se você pode ter um parque safari de proporções continentais? Poderia citar mais alguns paraísos de pesca e aves pelo mundo. Viste o documentário do Obama? Acho que o título é “Nossos parques mundiais’ (Our Great National Parks) ou algo assim, pode ser mais explícito?