Acabei de ler na Folha de S. Paulo, em um artigo do New York Times — não leio o New York Times e, francamente, também não deveria ler a Folha de S. Paulo —, que um dos pré-requisitos mais importantes para as pessoas da Geração Z que estão à procura de um relacionamento sério online não é a beleza, nem a inteligência, nem a honestidade, nem a empatia, mas se a pessoa está em terapia.
Não tenho nada contra terapia, muito pelo contrário. Devo ter feito uns dez anos de terapia mais ou menos e não parei por aí. Publiquei vários livros de psicologia de diversos autores na KBR, além de estudar e ler bastante sobre o assunto, porque meu interesse era profundo. Mas vejo dois problemas, no mínimo, com essa premissa.
O primeiro, e o mais importante, é que os jovens de hoje em dia — e também os adultos maduros e até os idosos, com exceção do Alan, meu marido, que faz uns três meses está em greve do noticiário e só assiste a filmes antigos, de 1930 para trás — têm um foco excessivo em problemas, vamos combinar.
O mundo parece estar mergulhado em crises sucessivas, algumas reais e prementes, outras nem tanto, outras, ainda, se não imaginárias, pelo menos irrelevantes e intensamente alimentadas pela mídia e, imagino, pelas redes sociais. Não estou nas redes sociais já faz quase dois anos e, francamente, não me fazem falta nenhuma, muito antes pelo contrário.
Os jovens de hoje acreditam que o mundo está para se acabar muito em breve e está sendo destruído pelo próprio ser humano. Conforme li recentemente em um outro artigo que, infelizmente, não consigo mais lembrar onde foi, desde os anos 1960 existe uma corrente de filósofos e ambientalistas que desejam ardentemente a eliminação dos humanos — quanto antes, melhor.
Isso, para nem mencionar as contínuas crises da economia, análises detalhadas mostrando que, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, o padrão de vida dos jovens será inferior ao de seus pais. Com a inflação em alta e a artificialíssima crise de energia, são pífias as chances de que um jovem recém-formado no primeiro mundo consiga ter uma casa própria em algum momento durante sua vida. Pelo menos é isso que os jornais estão escrevendo.
Se eu acredito, não sei. Todas as gerações se parecem, mas cada geração é infeliz à sua própria maneira, ou alguém realmente acredita que na nossa juventude tudo eram flores?
Num ambiente como esse, me admira ainda mais que as pessoas tenham desejo de namorar, embora, vejam, já vão sabotando o amor antes de se apaixonar ao pressupor que a pessoa a ser amada tenha inúmeros problemas para resolver.
O segundo problema é muito, muito pior, e olhem que me sentei aqui hoje decidida a escrever uma crônica otimista.
Vai ver estou novamente precisando de terapia, mas, honestamente, eu acreditava — e ainda acredito, embora talvez não em Nova York, pátria amada dos deprimidos — que terapia estava fora de moda, porque hoje em dia todo mundo prefere se medicar. Aqui nos Estados Unidos, principalmente, ninguém vive sem seus múltiplos frascos de remédio. Até eu, depois da covid e da minha temporada passada no hotel no ano passado — graças à qual, aliás, voltei a escrever crônicas — decidi apelar para um remedinho, mas já parei, porque detesto essa mania e, além do mais, não consegui suportar a sede (quem toma remédio para dormir e antidepressivo deve saber do que estou falando).
Os jovens de hoje são ultra medicados. Tomam remédio até para estudar, entre eles o assustador Adderall, e acham isso totalmente normal. Já o antigamente sacrossanto DSM (Manual de Doenças Mentais da APA, Associação Psiquiátrica Americana) perdeu totalmente o rumo, na minha opinião.
Por um lado, o que era considerado doença mental — como os distúrbios sexuais que hoje em dia as pessoas ostentam como uma questão de honra e garantia de privilégio social — deixou de ser considerado como tal e passou a ser tratado de outra maneira, como as terríveis manipulações hormonais e cirurgias mutiladoras que tentam resolver de forma definitiva, no mau sentido, o que é claramente... hum, me desculpem, um distúrbio mental. Por outro, questões cotidianas inteiramente normais como a tristeza, ou problemas profissionais, ou, ainda, questões emocionais totalmente baseadas em fatos reais, como a morte de um ente querido, um divórcio, o fim de uma fase de vida e até mesmo, como já mencionei, uma prova difícil na faculdade, passaram a ser consideradas um problema de saúde mental... paradoxalmente, algo a ser celebrado e amplamente divulgado, como fez no ano passado a atleta olímpica Simone Biles, que preferiu não competir nas Olimpíadas de Tóquio de 2020 — que aconteceram em 2021, devido à pandemia —a enfrentar um estresse inteiramente previsível em sua situação.
Francamente. Precisamos, usando um termo muito popular na minha geração, “cair na real”, ou não sei onde iremos parar.
Deixei um espaço para celebrar uma vitória em um assunto que me é caro: a interferência hormonal e eventual mutilação — porque não existe outra palavra — de crianças que se declaram “transgênero” e, nos últimos anos, passaram a constituir uma dessas categorias de doença mental que se transformou em privilégio social acima de qualquer crítica e que mencionamos na crônica.
Um dos focos globais mais concentrados da questão, na verdade um centro de manipulação que pode ser considerado o cerne mundial de onde emanam — emanavam, graças a Deus — essas noções políticas malucas que tanto perturbam o nosso cotidiano, como, por exemplo, a insana questão dos “pronomes” e a crença de que jovens de menos de 16 anos têm o direito e a capacidade de tomar decisões que, fatalmente, terão consequências irreversíveis para o seu futuro, é a Clínica Tavistock no norte de Londres, um centro médico que faz parte do sistema público de saúde britânico (NHS) e se deixou dominar pela militância transgênero, deixando de lado qualquer rigor científico e boas práticas clínicas.
A Clínica Tavistock, único estabelecimento do Reino Unido que tratava esses jovens transgêneros, foi objeto de uma investigação do governo e, como resultado, será fechada em setembro.
Além disso, como consequência, o assunto deixou de ser tabu e, aparentemente, passamos a ter o direito de emitir nossa opinião a respeito e até mesmo, imaginem, afirmar que o sexo é inerente a uma pessoa e não pode ser mudado.
Vale a pena conferir o “rito de passagem” que marca essa mudança radical, um excelente artigo escrito pela parlamentar britânica Kemi Badenoch — ministra da Mulher e da Igualdade no governo de Boris Johnson — que, infelizmente, acabou derrotada na acirrada disputa para a liderança do governo britânico ora em curso.
Kemi Badenoch é uma dessas raras figuras políticas que ainda consegue nos convencer de seu bom senso e posicionamento honesto. Tomara que tenha futuro.
Prazer em ler alguém com sensatez, a cabeça no lugar certo! Beijos
...filósofos e ambientalistas que desejam ardentemente a eliminação dos humanos — quanto antes, melhor. Virus criados em laboratórios criam pandemias; Presidentes de várias nações, Brasil incluso, fazem empenhada campanha contra vacinas; qual a motivação? Deixar morrer os enfermos, os velhos, a população carente que não produz e custa caro para o sistema de saúde e previdenciário. Faz sentido, né não?