Os Estados Unidos estão fumegando neste final de semana.
Vocês podem escolher as razões.
Uma delas são os incêndios no Canadá (uai, não estávamos falando dos Estados Unidos?), que colocaram metade do país coberto por uma fumaça laranja (em Nova York) e, conforme vamos descendo o mapa, branca. Até aqui em casa o horizonte está coberto de fumaça. Pelo que pude entender, esses incêndios, como também acontece na Califórnia, são sazonais, e também podem ser agravados pela falta de manutenção das florestas, que precisam ser limpas e queimadas de forma controlada, o que não tem acontecido porque os ambientalistas “entendem” que essas práticas milenares são “prejudiciais ao meio ambiente”.
Prejudiciais ao meio ambiente, vamos combinar, são as políticas sem sentido dessa massa ignorante que se intitula, hum, “ambientalista”. Digam o que quiserem, mas o que me irritou demais da conta foi que a grande maioria dos políticos e os assim chamados jornalistas decidiram, por assim dizer, puxar a brasa para a sua sardinha, e bradaram pelos quatro cantos das telas que os incêndios se devem ao “aquecimento global” e são uma “amostra” do “inferno em que a terra está se tornando devido ao aumento de temperatura de 1°C” algo que, segundo vários cientistas reputáveis — embora não aceitos pelos membros do culto do clima — já não está ocorrendo há 25 anos, digo, há 25 anos que a temperatura média da terra não aumenta.
O que está por trás dessa guerra contra a humanidade no que diz respeito ao clima é que todas essas teorias — ou, dependendo do ponto de vista, certezas — relativas ao aquecimento não são baseadas em dados reais, mas em simulações de computador.
Com base nas mais recentes histórias envolvendo a mania de IA, vocês já podem imaginar onde todas essas simulações irão nos levar.
E por falar em fumaça laranja, na quinta-feira Trump foi indiciado por um crime que já foi julgado, pelo menos pela opinião pública. Um crime, não: 37 crimes! Isso porque, em vez de acusá-lo pelo “crime” de ter levado para casa e manipulado indevidamente documentos confidenciais da Casa Branca — da mesma forma que Joe Biden, Hillary & Bill Clinton e vários outros —, decidiram acusá-lo por um documento de cada vez! Supondo que ele seja condenado a, digamos, dois anos de prisão por cada um desses documentos, digo, crimes, o líder das pesquisas para as eleições de 2024 deverá passar 70 anos na cadeia!
Se vocês chegarem à conclusão de que tudo isso não passa de história de mineiro, ops, de pescador, por favor não me culpem. As notícias hoje em dia são tão confusas que é preciso ser um tipo de gênio para conseguir descobrir o que está realmente acontecendo.
Esta semana, por exemplo, ouvi no noticiário que uma represa da Ucrânia tinha sido bombardeada. Que horror! Aí comecei a escutar que na verdade a represa era na Rússia, e que, portanto, a Rússia tinha bombardeado sua própria represa, o que não faz nenhum sentido, da mesma forma como bombardeou seu próprio gasoduto na Noruega no ano passado, mas aí entendi que teria sido na verdade a Ucrânia que tinha bombardeado a represa... que pertence à Ucrânia, mas como está localizada em um território ucraniano hoje ocupado pelos russos... Deu para entender? Também escutei a versão de que foram os ucranianos que explodiram o gasoduto, mas como é proibido dizer que a Ucrânia é culpada de alguma coisa, acharam melhor confundir os fatos. Vai daí que quando resolvi que estava na hora de investigar por minha própria conta, descobri que a represa nem sequer foi bombardeada... na verdade estourou devido a um excesso de água proveniente do derretimento da neve — que, como todo mundo sabe, com o aquecimento global virou coisa do passado — somado aos danos a que a represa foi submetida tanto pelos russos quanto pelos ucranianos no passado.
Conclusão: ninguém é santo nessa história e o inferno são os outros.
As investigações estão em curso. Enquanto isso, vocês podem conferir o detalhado relato da CNN e a intensa condenação de Putin como “o monstro do Kremlin” publicada por Janice Turner na edição de hoje do Times of London. Eu gosto da Janice Turner. A colunista já prestou um serviço inestimável condenando os extremismos dos transgêneros e as cirurgias mutiladoras, colaborando para o fechamento da maldita Clínica Tavistock. Mas dessa vez, vamos combinar, ela defendeu um ponto de vista sem provas e se adiantou na condenação, na minha modesta opinião. Nem um único leitor do jornal deixou de comparecer para enfiar sua estaca em Putin.
Tem mais uma história incendiária rolando, mas acho que essa eu vou deixar para depois, porque aparentemente as provas do crime não são conclusivas, mas um delator do FBI informou ao congresso americano que uma empresa ucraniana — olha esse pessoal honesto e impecável aí de novo — subornou a família Biden pagando US$ 5 milhões para Joe Biden e US$ 5 milhões para seu filho Hunter quando Biden era vice-presidente, ao que Biden reagiu em público com a seguinte piada de mau gosto: “Onde está o dinheiro?”
Ah. Biden. Esta semana, além de ter tomado um tombo em uma cerimônia de formatura na Academia Naval, Biden fez à mídia o favor de dar uma entrevista coletiva junto com o charmoso, ponderado e decente (até prova em contrário) primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak. Que alívio escutar um político que não é inteiramente desvairado e radical! Rishi parece ser aquilo que em iídiche chamamos de “mensch”, um conceito tão bacana que os americanos decidiram roubar da gente, está até no dicionário Merriam Webster: “mensch” significa “uma pessoa de integridade e honra”. Infelizmente o som da palavra sugere que significa “homem”, então podem se preparar para escutar a gritaria da turma da diversidade.
E por falar na turma da diversidade, durante a entrevista coletiva com Rishi Biden foi perguntado sobre sua opinião relativa às leis que diversos estados conservadores americanos estão aprovando para proibir as cirurgias e os tratamentos hormonais em menores de idade “transgênero” — graças a Deus! Pois Biden desandou em um discurso apaixonado (como ele nunca faz) criticando as tais leis, quer dizer, gente, ele defende que as crianças menores de idade — temos notícias desses procedimentos em menores de 16 anos — sejam mutiladas e esterilizadas por sua própria e imatura decisão! Meu Deus!
A única saída possível é dar a Biden o benefício da dúvida e concluir que ele não faz a menor ideia do que está falando, e não seria uma raridade, muito antes pelo contrário.
Agora, tudo isso não passa de um preâmbulo para lhes contar como foi minha viagem à Califórnia no mês passado, uai, já?
Antes de partir para a parte boa, preciso lhes contar que antes de levantar voo, ainda no aeroporto, quase acabei na cadeia... tendo que pagar por pelo menos três crimes: um xampu, um condicionador e um sabão facial. Vou explicar. Já fazia tanto tempo que eu não viajava que não me toquei que os tubos desses cosméticos que estavam na minha bolsa excediam o tamanho permitido... o problema é que eu totalmente perdi a calma com a policial e ela me colocou para fora do aeroporto até que eu me “acalmasse” e aceitasse que teria que jogar as bisnagas no lixo... novinhas!
Chegando em São Francisco, a primeira coisa que eu fiz foi caminhar do hotel até a Walgreens para repor o prejuízo. Foi uma experiência estranha… Já fazia anos que eu não saía de casa para ir a pé a algum lugar, que dirá entrar em uma loja, conversar com uma pessoa, ficar na fila, pagar no caixa... percebi que durante todos esses anos, com ênfase para os anos da covid, perdi o traquejo para interagir ao vivo com humanos. Que horror!
Alan estava com tanto medo de estar em São Francisco, que é o principal alvo de ataques da Fox News — de acordo com quem a cidade está suja, perigosa e infestada de drogados e moradores de rua por todos os lados —, que nem queria sair do hotel.
Eu procurei, juro que procurei, mas não vi nenhum... Tudo o que eu vi foi uma cidade limpa, linda e tranquila, mas, é claro, eu devo estar enganada, devo ter procurado nos “lugares errados”. Esta noite mesmo teve um tiroteio no Mission District com nove feridos.
O concerto do Benjamin Appl foi exatamente a maravilha que eu esperava, embora o Alan tenha ficado impaciente, porque, vamos combinar, esse segmento de música clássica conhecido como “lieder” não é para qualquer um e é um mundo inteiramente à parte, com regras próprias. Eu mesma nunca tinha ido a um concerto só de lieder, que, em alemão, significa simplesmente “canção”.
No dia seguinte ao concerto pegamos a estrada imediatamente para Monterey, onde encontramos nossos dois filhos que não víamos há tempos (um há um ano e outro há quatro anos), passamos uma temporada em Carmel e tivemos a sorte de testemunhar ao vivo o fenômeno californiano conhecido como “superfloração”. O nome diz tudo, e para uma brasileira metida a jardineira, ver flores maravilhosas brotando por todo lado é tudo. As papoulas que tentei cultivar com tanto sacrifício lá crescem como se fossem mato!
Para arrematar a história, vocês sabem que desde que me mudei aqui para Paris Mountain eu tinha arrumado um problema mental para mim mesma que me impedia de dirigir. Pois quando chegamos a São Francisco, Alan decidiu que suas pernas não cabiam direito no Hyundai alugado, ou algo parecido, e sim, meus amigos, acabei tendo que dirigir o carro eu mesma em todas as estradas de alta velocidade da Califórnia durante 10 dias.
Adeus, trauma.
* Jean-Paul Sartre
Ótima crônica. Adorei.
O problema de ter um presidente é só esse mesmo: ter um presidente.
Um político com esses poderes é um perigo, e ele tem um mandato de quatro anos!!!
O Rishi é primeiro ministro e não tem mandato, pode ser tirado a qualquer momento. A antecessora durou dois meses, foi defenestrada na primeira bobagem que fez.
Desde o início da década estamos em um Resfriamento Global, afirmam meteorologistas sérios.
Um abraço, desculpe os comentários longos, mas suas crônicas são inspiradoras.